Céu aberto
O telescópio VISTA do ESO criou a maior imagem de campo profundo do céu já feita na faixa do infravermelho, revelando mais de 200 mil galáxias.
Está é apenas parte de uma enorme coleção de imagens de todos os rastreios do VISTA que foram colocadas à disposição de todos os astrônomos do mundo pelo ESO.
O projeto de rastreio, chamado UltraVISTA, é um baú do tesouro que está sendo utilizado no âmbito do estudo de galáxias distantes no Universo primordial, assim como em muitos outros projetos científicos.
Os dados dos telescópios do ESO normalmente são transferidos diretamente para um imenso arquivo digital.
Mas uma nova iniciativa, chamada Fase 3, está coletando os dados do ESO já processados por equipes de astrônomos na Europa e tornando-os disponíveis para uso imediato.
O processamento de imagens astronômicas de grande porte, como as feitas pelos telescópios de rastreio, é desafiador e requer recursos computacionais de primeira linha e mão-de-obra especializada.
Portanto, a disponibilização de dados totalmente processados e classificados de maneira uniforme, ao invés de dados brutos, ajuda enormemente a comunidade astronômica a tirar melhor partido deles.
O que é imagem profunda?
O telescópio VISTA foi apontado repetidamente para a mesma região do céu para que capturasse lentamente a radiação muito fraca emitida pelas galáxias mais distantes.
Para criar esta imagem foram combinadas um total de mais de seis mil exposições separadas, correspondentes a um tempo de exposição efetivo total de 55 horas, obtidas através de cinco filtros de cores diferentes.
Esta imagem do rastreio UltraVISTA é a mais profunda já obtida no infravermelho para uma região do céu deste tamanho.
Os astrônomos usam a palavra profundo para classificar imagens que foram obtidas com um tempo de exposição total muito longo, quando se conseguem por isso detectar objetos extremamente tênues.
Normalmente são obtidas muitas exposições mais curtas, que são posteriormente combinadas digitalmente.
Não dá para ver
À primeira vista, a imagem parece banal, apresentando algumas estrelas brilhantes e um salpicado de outras mais tênues.
No entanto, quase todos os objetos mais tênues não são estrelas da Via Láctea, mas sim galáxias muito remotas, cada uma contendo bilhões de estrelas.
Aumentando a imagem para o modo tela cheia e fazendo um zoom, podemos observar cada vez mais objetos, sendo que a imagem apresenta mais de 200 mil galáxias no total.
A expansão do Universo desloca a radiação emitida por objetos distantes na direção dos grandes comprimentos de onda, o que significa que, para a radiação estelar emitida pelas galáxias mais distantes que conseguimos observar, uma grande parte desta radiação, quando chega à Terra, se encontra na região infravermelha do espectro.
Como telescópio infravermelho altamente sensível que é, e possuindo um campo de visão muito grande, o VISTA está particularmente bem equipado para descobrir estas galáxias distantes do Universo primordial.
Desvio para o vermelho
Ao estudar galáxias com a radiação deslocada para o vermelho, a distâncias sucessivamente maiores, os astrônomos podem igualmente estudar como é que as galáxias se formam e evoluem ao longo da história do cosmos.
Uma inspeção detalhada da imagem revela dezenas de milhares de objetos avermelhados anteriormente desconhecidos espalhados no meio das mais numerosas galáxias de cor creme.
São essencialmente galáxias muito remotas que estamos observando quando o Universo tinha apenas uma pequena fração da sua idade atual. Estudos anteriores das imagens do UltraVISTA, combinadas com imagens de outros telescópios, revelaram a presença de muitas galáxias que são observadas quando o Universo tinha menos de um bilhão de anos, e algumas são observadas em épocas ainda mais remotas.
Embora esta imagem UltraVISTA já seja a imagem infravermelha deste tamanho mais profunda que existe, as observações continuam. O resultado final, daqui a alguns anos, será uma imagem significativamente mais profunda.
Telescópio VISTA
O telescópio VISTA instalado no Observatório do Paranal do ESO, no Chile, é o maior e mais poderoso telescópio infravermelho de rastreio que existe atualmente.
Os rastreios são indispensáveis aos astrônomos e por isso o ESO organizou um programa que permitirá que a vasta herança de dados, tanto do VISTA como do seu companheiro na radiação visível, o VLT Survey Telescope (VST), esteja à disposição dos astrônomos durante as próximas décadas.
Desde que começou as operações em 2009, a maior parte do seu tempo de observação tem sido dedicado a rastreio públicos, alguns cobrindo grandes zonas do céu austral e outros focando-se em áreas menores.
Os dados dos rastreios VISTA - num total de mais de 6 terabytes de imagens - estão sendo processados em centros de dados no Reino Unido, e no caso particular do UltraVISTA na França, e começam agora a regressar ao arquivo científico do ESO, onde são colocados à disposição dos astrônomos do mundo inteiro.
Fonte: Inovação Tecnológica
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