Especialista em psicologia da música resolveu estudar o fenômeno de músicas que grudam na cabeça depois de perceber que havia pouca literatura científica sobre o assunto. [Imagem: BBC] |
Músicas que grudam
Os cientistas já demonstraram não apenas que ouvir música faz o cérebro inteiro se iluminar, como também que o nosso cérebro toca sua própria música.
Mas o que ninguém gosta mesmo é das chamadas músicas grudentas, aquelas com uma capacidade incrível de grudarem nas nossas cabeças, e ficarem ecoando sem parar em nosso pensamento, atrapalhando a concentração em qualquer outra atividade.
A pesquisadora Vicky Williamson, especializada em psicologia da música, resolveu estudar o fenômeno de músicas que grudam na cabeça depois de perceber que havia pouca literatura científica sobre o assunto.
Ela descobriu que há diversos termos diferentes, em inglês, usados pelos cientistas para descrever o fenômeno:stuck-song syndrome (ou síndrome da canção empacada), sticky music (canção pegajosa), cognitive itch (coceira cognitiva) ou earworm (verme de ouvido).
Fenômeno individual
Williamson participou de um programa de rádio da BBC perguntando aos ouvintes quais "músicas pegajosas" os estavam afligindo recentemente.
Com base nesses dados, ela chegou a alguns resultados interessantes.
"Quando analisei mais de mil canções pegajosas, percebi que apenas meia dúzia havia sido citada mais de uma vez - o que mostra quão heterogênea foi a resposta das pessoas. É um fenômeno muito individual", diz Williamson.
Hoje a pesquisadora já possui mais de 2,5 mil relatos. Ela diz que algumas músicas são mais pegajosas simplesmente por estarem em evidência em filmes e seriados de televisão.
É o caso da canção Don't Stop Believing, do conjunto Foreigner, que no começo da sua pesquisa era uma das mais citadas. Na época, a música havia voltado às paradas graças ao seu uso no musical americano Glee.
Cérebro vazio
A psicóloga passou então a tentar entender quais mecanismos desencadeiam o fenômeno.
O primeiro dos fatores é bem óbvio: a exposição, ou seja, a música precisa ter sido ouvida recentemente.
Outro é a repetição: quanto mais frequente a música toca, maior é a chance de ela grudar na cabeça de quem ouve.
No entanto, muitas músicas podem ser "despertadas" por memórias ou ambientes ao nosso redor.
Andréane McNally-Gagnon, da Universidade de Montreal, no Canadá, levanta outros fatores.
Segundo seu estudo, o fenômeno da música grudenta ocorre quando os indivíduos estão geralmente em um estado emocional positivo e se mantendo ocupados com atividades não-intelectuais, tais como durante uma caminhada, que exige pouca concentração.
Memória musical
Há algumas teorias que tentam explicar por que uma música gruda na cabeça das pessoas.
Williamson diz que isso pode ser parte de um fenômeno mais amplo, conhecido como memória involuntária. Outra manifestação de memória involuntária é quando alguém fica com vontade de comer algo por se lembrar de uma comida.
Há uma série de motivos que fazem com que isso aconteça também na música. Primeiro pela música ser um estímulo multi-sensorial, que é sensível a vários fatores externos.
"Segundo, porque a música é codificada de forma muito pessoal e emocional, e sabemos que tudo que é codificado com conotações pessoais e emocionais é mais fácil de ser lembrado pela memória", afirma Williamson.
Fonte: Diário da Saúde
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