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| Além da duração prevista do Universo, os cientistas chineses calcularam os eventos finais desse apocalipse cósmico. [Imagem: Lynette Cook/NASA] |
Questões fundamentais
A energia escura compõe cerca de 70% do conteúdo atual do Universo.
Por decorrência, é esse mesmo componente desconhecido que detém a chave para o destino final do nosso Universo.
Por milênios, os seres humanos têm ponderado sobre duas questões
fundamentais: "De onde viemos?" e "Para onde vamos?", questões que têm
estimulado debates filosóficos e teológicos.
Graças ao rápido desenvolvimento da cosmologia nas últimas três
décadas, os cientistas também obtiveram algumas pistas importantes para
arriscar algumas respostas a essas perguntas.
É o que um grupo de cientistas chineses está tentando fazer agora.
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| Uma simulação do Universo chamada DEUS está tentando desvendar como o Universo veio do início até hoje. [Imagem: Deus Consortium] |
Grande Ruptura
O modelo padrão "Inflação + Big Bang quente" foi desenvolvido para explicar a origem do Universo.
No entanto, para prever o destino final do Universo, os pesquisadores perceberam que a chave está na natureza da energia escura.
Na ausência de um consenso sobre o que seja a energia escura, uma
descrição fenomenológica do parâmetro w da equação de estado da
termodinâmica - a relação entre a pressão e a densidade da energia
escura - pode fornecer um bom caminho para investigações sobre a
dinâmica da energia escura, ou de como ela se comportará ao longo do
tempo.
Em particular, se w for menor do que -1 (w < -1) em algum momento
no futuro, a densidade da energia escura vai crescer até o infinito em
um tempo finito, e sua repulsão gravitacional vai rasgar todos os
objetos no Universo.
Essa "Grande Ruptura" - uma espécie de apocalipse cósmico - é o foco
principal da análise de Li XiaoDong e seus colegas da Universidade de
Ciência e Tecnologia da China: "Queremos inferir, a partir dos dados
atuais, qual seria o pior destino para o Universo," escreveram eles.
Para prever esse destino trágico, é importante escolher uma
parametrização adequada, que cubra toda a história da expansão geral do
Universo.
A mais popular, a parametrização Chevallier-Polarski-Linder (CPL), na
verdade não é adequada para prever a evolução futura do Universo porque
nela w irá divergir quando o parâmetro de desvio para o vermelho se
aproximar de -1.
Assim, os autores lançaram mão de uma parametrização livre de
divergências, chamada parametrização Ma-Zhang (MZ), para prever a
evolução do Universo.
Quanto tempo falta para o fim do mundo?
Uma das questões mais intrigantes é: "Se houver um apocalipse final, quão longe estamos dele?"
Depois de restringir o espaço do parâmetro MZ através de uma técnica
Monte Carlo via Cadeias de Markov, os autores concluíram que, usando os
atuais dados observacionais, o fim do Universo pode ser expresso pela
fórmula:
Contudo, para o nível de confiança de 95,4%, os dados indicam outro resultado:
"Em outras palavras, na pior das hipóteses (95,4% CL), o tempo restante
antes do Universo acabar em uma Grande Ruptura é de 16,7 bilhões de
anos", disseram os autores.
O que ocorrerá antes do fim do mundo
Assim, o parâmetro de espaço restrito indica que é muito provável que, no futuro, w será menor do que -1.
Se assim for, pode-se fazer outra pergunta interessante: "Qual será o
destino dos objetos do Universo unidos gravitacionalmente, como
galáxias e estrelas?"
Na verdade, se w de fato se tornar menor que -1, a repulsão
gravitacional da energia escura vai aumentar continuamente até superar
todas as forças que mantêm coesos os objetos celestes - e todos os
objetos celestes serão dilacerados.
Nenhum objeto escaparia desse destino. Obviamente, sistemas mais fortemente ligados teriam alguma sobrevida.
Utilizando a parametrização MZ, os autores especularam sobre uma
série de possíveis consequências antes desse dia do juízo final cósmico.
Por exemplo, para a pior situação - o limite inferior 95,4% CL -:
- a Via Láctea será dilacerada 32,9 milhões de anos antes da Grande Ruptura;
- dois meses antes do fim do mundo, a Terra será arrancada do Sol;
- cinco dias antes do dia do juízo final, a Lua será arrancada da Terra;
- o Sol será destruído 28 min antes do fim do tempo;
- e, 16 min antes do fim definitivo, a Terra vai explodir.
Ou seja, embora estejamos literalmente no escuro sobre as
propriedades dinâmicas da energia escura, uma coisa fica clara: teremos
pela frente um futuro mais duradouro do que o passado que deixamos para
trás.
Fonte: Inovação Tecnológica




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