A placa perfurada e seus furos tampados criam um autêntico metamaterial, capaz de manipular as ondas sonoras à vontade. [Imagem: J. J. Park/Yonsei University] |
Normalmente os engenheiros deparam-se com a necessidade de isolar
acusticamente as paredes, mantendo todo o som dentro ou fora de um
ambiente.
Mas uma equipe do Japão e da Coreia do Sul acaba de fazer o contrário.
Jong Jin Park e seus colegas desenvolveram uma técnica que torna uma parede virtualmente "invisível para o som".
Ou seja, de um ótimo refletor de ondas acústicas, as paredes podem ser transformadas em um transmissor acústico quase perfeito.
Embora seja difícil encontrar alguma utilidade prática para a técnica
em termos de paredes reais, ela pode fazer a diferença em microscópios,
filtros de ruído e concentradores acústicos.
Transmissão acústica extraordinária
A descoberta é um análogo acústico para um fenômeno chamado
transmissão óptica extraordinária, que permite que as ondas
eletromagnéticas passem quase sem obstáculos através de uma rede de
nanofuros feitos em uma barreira opaca.
A versão acústica também depende de microfuros, com a diferença de que eles são recobertos por uma fina membrana.
As ondas sonoras viajam na forma de oscilações físicas dos átomos do
meio por onde o som se propaga - elas não podem passar através de uma
barreira rígida porque os átomos não oscilam.
Ao fazer furos na membrana rígida, que não compõem mais do que 3% do
volume do material, e recobri-los com o mesmo filme plástico usado para
cobrir alimentos na cozinha, os pesquisadores transformaram a "parede"
em um transmissor sonoro ótimo.
Com a tensão do filme plástico ajustada para que sua frequência de
ressonância seja a mesma das ondas sonoras incidentes, a ressonância da
membrana amplifica suas oscilações.
Essa ressonância movimenta o ar através dos furos como se o ar não
tivesse inércia, permitindo que ele se mova em resposta a deslocamentos
muito pequenos, transferindo quase toda a energia das ondas acústicas
incidentes através da barreira.
Enquanto a barreira experimental deixa passar 81% do som, se o filme plástico for retirado, essa transmissão cai para 9%.
Metamaterial acústico
A concentração da energia acústica em furos minúsculos permitirá a
criação de novos tipos de lentes, como as usadas no emergente campo da microscopia acústica ou para a criação de um elusivo laser de som.
Além disso, segundo os pesquisadores, a técnica pode funcionar com qualquer frequência, incluindo o ultrassom.
E, embora os cientistas refiram-se sempre à transmissão do som, a
técnica pode ser explorada para bloquear determinadas frequências, o que
transforma a placa perfurada e seus furos tampados em um autêntico metamaterial acústico, capaz de manipular as ondas sonoras à vontade.
Fonte: Inovação Tecnológica
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