Rachaduras no gelo do Ártico atraem mercúrio da atmosfera

O local do Ártico foi visitado duas vezes por dia para
coleta de dados (Foto: Alexandra Steffen/Divulgação)

A existência de rachaduras no gelo do Ártico está levando a uma concentração maior de mercúrio na atmosfera próxima ao solo. O fenômeno - provocado pelo movimento peculiar que o ar realiza sobre essas rachaduras - pode trazer problemas para o homem. Isso porque há risco de o poluente afetar os peixes, entrando dessa forma na cadeia alimentar da qual o homem faz parte.
O achado, feito por pesquisadores do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa e do Instituto de Pesquisa sobre o Deserto, foi publicado na edição da revista "Nature" desta semana. As medições de mercúrio foram feitas na costa da cidade de Barrow, no estado do Alasca, nos Estados Unidos.
Lá, o gelo da superfície do mar quebrou, criando rachaduras por onde corre água do oceano, como em canais. Segundo um dos autores do estudo, o pesquisador Chris Moore, do Instituto de Pesquisa sobre o Deserto, a água nesses canais é muito mais morna do que o ar sobre ela. Por causa da diferença de temperatura, o ar sobre os canais se agita violentamente.
O resultado é que o mercúrio que fica em uma camada mais alta da atmosfera é puxado para perto da superfície. A forte agitação do ar atinge uma altura de cerca de 400 metros, segundo a estimativa dos cientistas. O fenômeno é caracterizado por nuvens densas que saem desses canais abertos no gelo. Segundo os cientistas, quando o mercúrio está próximo ao nível do solo, ele passa por reações químicas que fazem com que ele seja depositado na superfície.
"Nenhum de nós suspeitávamos que poderíamos descobrir esse tipo de processo associado a essas fendas", disse Son Nghiem, um dos autores da pesquisa e cientista do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa.
A existência de rachaduras no gelo ártico tem se tornado mais frequente devido às mudanças climáticas."Na última década, temos visto mais gelo novo em detrimento do gelo perene que tem sobrevivido por muitos anos. O gelo novo é mais fino, mais salgado e quebra mais facilmente", diz Nghiem.
Fonte: G1/Ciência e Saúde

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