Esta enorme "bola de estrelas" está a 17.000 anos-luz de distância.[Imagem: ESO/J. Emerson/VISTA] |
Planetas sem noite
Imagine planetas nos quais o céu noturno é quase tão claro quanto o dia, com estrelas tão grandes e tão numerosas que o termo noite deve ter um sentido bem relativo.
Pois é em exoplanetas assim que os astrofísicos acreditam haver a maior possibilidade de desenvolvimento de vida inteligente.
Esses exoplanetas estão no interior de regiões extraordinárias, conhecidas como aglomerados estelares globulares. São regiões densamente ocupadas, contendo um milhão de estrelas em uma esfera de poucos anos-luz de diâmetro.
Rosanne DiStefano (Centro Harvard-Smithsoniano de Astrofísica - EUA) e Alak Ray (Instituto Tata de Pesquisas Fundamentais - Índia) acreditam que esse é o melhor lugar para se procurar por civilizações inteligentes dotadas de capacidade de viagens espaciais - com nível tecnológico similar ou superior ao da Terra.
"Um aglomerado globular pode ser o primeiro lugar em que a vida inteligente será identificada em nossa galáxia," disse DiStefano ao apresentar os resultados da pesquisa durante a reunião anual da Sociedade Astronômica Americana.
A pesquisa adiciona elementos observacionais interessantes a uma ideia que já é antiga: em 1974, a primeira transmissão deliberada de um sinal humano ao espaço, feita a partir do radiotelescópio Arecibo, foi dirigida para o aglomerado globular M13.
Além dos aglomerados estelares normais, existem também os aglomerados estelares escuros. [Imagem: ESO/DSSurvey/Davide de Martin]
Tempo para a vida
Nossa Via Láctea tem cerca de 150 aglomerados globulares conhecidos, a maioria deles orbitando na periferia galáctica. Todos são muito antigos, tendo estrelas formadas a cerca de 10 bilhões de anos, em média - embora aglomerados globulares também possam ter estrelas jovens.
A zona habitável de uma estrela - a distância em que seus planetas têm temperatura adequada para existência de água líquida - varia de acordo com a estrela. Enquanto estrelas mais brilhantes têm zonas habitáveis mais distantes, os planetas que orbitam estrelas mais antigas, de brilho mais fraco, podem estar muito mais perto.
Além disso, estrelas muito brilhantes vivem vidas mais curtas. Como os aglomerados globulares são antigos, essas estrelas mais agitadas já morreram há muito tempo, deixando o ambiente muito menos conturbado - as estrelas predominantes nos aglomerados globulares são anãs vermelhas antigas e de brilho fraco.
"Uma vez que os planetas se formam, eles podem sobreviver por longos períodos de tempo, até mais do que a idade atual do universo", explica DiStefano.
Assim, se planetas habitáveis podem se formar nos aglomerados globulares e sobreviver por bilhões de anos, haveria tempo de sobra para a vida evoluir a ponto de desenvolver inteligência, defende a dupla.
Esta é famosa "Mensagem Arecibo", enviada em 1974 ao aglomerado globular Messier 13, ou Grande Aglomerado Globular de Hércules. [Imagem: Wikipedia/Arne Nordmann]
Aglomerados de vida extraterrestre
Essas civilizações alienígenas desfrutariam de um ambiente muito diferente do nosso. A estrela mais próxima do nosso Sistema Solar está a quatro anos-luz de distância - quase 40 trilhões de quilômetros. Em comparação, calcula-se que as estrelas mais próximas dentro de um aglomerado globular poderiam estar pelo menos 20 vezes mais próximas.
Isto tornaria muito mais fácil a comunicação interestelar e a exploração espacial, o que forneceria um ambiente mais promissor para a interação entre civilizações alienígenas, que poderiam obter efeitos de sinergia em seu desenvolvimento.
"Nós chamamos isso de 'oportunidade do aglomerado globular'," disse DiStefano. "Enviar uma transmissão entre as estrelas não iria demorar mais tempo do que uma carta dos EUA para a Europa no século 18".
"As viagens interestelares levariam menos tempo também. As sondas Voyager estão a um décimo do que seria necessário para alcançar a estrela mais próxima se nós vivêssemos em um aglomerado globular. Isso significa que enviar uma sonda interestelar é algo que uma civilização do nosso nível tecnológico pode fazer em um aglomerado globular," acrescentou ela.
Apontando as antenas
O aglomerado globular mais próximo da Terra está a vários milhares de anos-luz de distância, o que torna difícil encontrar seus exoplanetas, dificultando tirar a prova da teoria.
Contudo, poderia ser possível detectar planetas em trânsito na periferia desses aglomerados globulares. Os dois pesquisadores recomendam o uso do fenômeno das lentes gravitacionais, no qual a gravidade do exoplaneta amplia a luz de uma estrela ao fundo, para ajudar a identificá-los.
Outra ideia mais ao alcance seria usar métodos de pesquisa similares ao do SETI, que procura transmissões de rádio ou laser feitos por civilizações inteligentes. Para isso, bastaria apontar as antenas para os aglomerados globulares e ficar esperando a detecção de um sinal, defendem os dois astrofísicos.
Matéria colhida na íntegra em Inovação Tecnológica
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