Felizmente não é preciso apelar para a genética para acertar seu ritmo circadiano: o relógio biológico pode ser acertado com a luz certa.[Imagem: Fiocruz] |
Se o ser humano pretende mesmo conquistar o espaço, colonizando outros planetas, as preocupações podem ir além da já conhecida radiação espacial.
Ocorre que o corpo humano possui um ritmo circadiano - o chamado relógio biológico - que se desenvolveu para as condições específicas da Terra.
Isso significa que nosso relógio biológico está ajustado de acordo com a velocidade de rotação da Terra - em outras palavras, para a duração do dia e da noite do nosso planeta natal.
Basta que a duração do dia natural do planeta a ser colonizado difira ligeiramente do dia terrestre - algumas horas - para que os problemas comecem a aparecer.
Extinção acelerada
Uma equipe de cientistas da Holanda, Alemanha e Reino Unido manipulou geneticamente animais de laboratório, alterando um gene que acelera seu ciclo circadiano natural. Com isso, os animais passaram a ter "dias biológicos" com duração entre 20 e 24 horas.
Para simular o mundo real, os animais foram soltos em cercados ao ar livre, com livre acesso a comida e abrigo. Isso permitiu observar como os animais com os relógios biológicos acelerados se comportavam em relação àqueles com ritmos circadianos normais de 24 horas. O experimento durou 14 meses, permitindo estudar várias gerações dos camundongos.
Hoje já se sabe que o relógio biológico humano é alimentado eletricamente e, recentemente, pesquisadores japoneses descobriram como ler as horas no relógio biológico humano, o que talvez possa ajudar na seleção dos candidatos a astronauta. [Imagem: NASA] |
Embora a população "acelerada" não tenha sido totalmente extinta no período estudado, sua população caiu drasticamente.
Os camundongos com relógio biológico mais rápido tornaram-se gradualmente menos comuns ao longo de sucessivas gerações, de modo que, ao final do estudo, a população era dominada pelos animais com relógios normais de 24 horas.
Relógio biológico dos astronautas
Segundo a equipe, isso tem implicações diretas sobre as futuras viagens espaciais. Por exemplo, o dia em Marte é 37 minutos mais longo do que o dia da Terra.
"A velocidade de rotação de Marte pode estar dentro dos limites do relógio interno de algumas pessoas, mas pessoas com relógios circadianos mais curtos, como as pessoas extremamente matutinas, são susceptíveis a enfrentar problemas sérios e intratáveis a longo prazo, e talvez devessem ser excluídas de quaisquer planos da NASA ao enviar seres humanos a Marte," disse o Professor Andrew Loudon, da Universidade de Manchester, um dos autores do estudo, publicado na revista científica Pnas.
Mas a pesquisa tem implicações importantes para a saúde humana aqui na Terra mesmo: alterações no relógio biológico associadas com o trabalho e a iluminação noturna têm sido associadas com vários problemas de saúde, como o aumento do risco de diabetes tipo 2. A julgar pelo que aconteceu aos camundongos do experimento, talvez os problemas não parem por aí.
Matéria colhida na íntegra em Diário da Saúde
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