Os materiais necessários para suportar o atrito a uma velocidade de Mach 10 estão entre os principais desafios para a fabricação do avião hipersônico. Imagem: FAB/IEAV |
Engenheiros
do Instituto de Estudos Avançados (IEAV), em São José dos Campos
(SP), estão dentro do cronograma para testar o primeiro avião
hipersônico brasileiro em 2020.
O
protótipo, batizado de 14-X, uma homenagem ao 14-Bis de Santos
Dumont, terá um motor capaz de levar o avião não-tripulado a uma
velocidade de 12 mil quilômetros por hora, ou 3 km por segundo - uma
velocidade dez vezes mais rápida que o som.
"Queremos
hoje sair do nível laboratorial e dar o grande salto que é para o
nível de qualificação em voo dessas tecnologias," afirmou
Israel Rêgo, gerente do Laboratório de Aerotermodinâmica e
Hipersônica do IEAV.
Os
testes iniciais do veículo estão sendo realizados no próprio IEAV,
que conta com o maior túnel de vento (T3) da América Latina.
A
tecnologia de propulsão hipersônica aspirada, que utiliza o ar
atmosférico para a combustão, está em desenvolvimento por empresas
e agências espaciais dos EUA, Europa e Austrália.
O
objetivo do programa brasileiro, chamado Prohiper, é projetar,
construir e ensaiar em solo e em voo duas tecnologias: a de uma
aeronave - em que é estudado o efeito de sustentação hipersônica
(waverider),
que permite voar na atmosfera - e a de um motor hipersônico,
conhecido na comunidade científica como scramjet.
Ao
contrário de um motor-foguete, em que o veículo deve levar a bordo
tanto o combustível (hidrazina, álcool, hidrogênio, querosene ou
outro) quanto o oxidante (oxigênio), o motor hipersônico usa o
próprio ar atmosférico como oxidante para a queima do combustível.
Se
parece mais simples, há contudo grandes desafios para viabilizar
isto, incluindo o atingimento e a sustentação da pressão na câmara
de combustão e a fabricação do avião
e do motor com materiais que possam resistir ao atrito provocado pelo
voo em Mach 10.
"O
grande desafio com relação ao motor é conseguir demonstrar a
operacionalidade da combustão hipersônica, que é a fonte de
energia para realização do voo," detalhou Rêgo.
Norton Assis e Israel Rêgo, membros da equipe, mostram uma maquete do avião hipersônico brasileiro. Imagem: FAB/IEAV |
Estima-se
que a tecnologia de voo hipersônico possa permitir cargas úteis com
até 15% do peso da decolagem dos veículos espaciais.
Atualmente,
são utilizados motores-foguete de múltiplos estágios baseados em
combustão química em que são necessários carregamentos de
combustível e oxidante. Com essa configuração, o peso da carga
útil - o satélite - fica limitado a cerca de 5% do peso total do
veículo lançador.
Com
uma configuração híbrida, um avião
hipersônico poderia acelerar fortemente pela atmosfera, contando
com um estágio-foguete de menor porte para a parte final do voo, já
no espaço, para a colocação do satélite em órbita.
Fonte: Inovação Tecnológica
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