No mundo real, relativístico e quântico funcionam conjuntamente sem traumas. O problema é que ainda não entendemos como essa transição se dá.[Imagem: M.C. Escher/Wikipedia] |
Como nas gravuras de M.C. Escher, em que as coisas se fundem de forma
suave, o mundo é simultaneamente relativístico, clássico e quântico,
dependendo das dimensões que consideremos.
O problema é que a ciência ainda não sabe descrever essa transição, e o quadro da nossa concepção filosófica da realidade é uma pintura longe de ser terminada.
Mas um vislumbre de como misturar as tintas e mover os pincéis para
terminar esse quadro acaba de ser obtido de forma surpreendente por
Steffen Gielen (Universidade de Hannover, Alemanha), Daniele Oriti
(Instituto Perímetro, Canadá) e Lorenzo Sindoni (Instituto Max Planck,
Alemanha).
O trio partiu de equações da mecânica quântica e chegou a uma equação
cosmológica, desenvolvida há quase um século, que descreve o tipo de
universo mais fundamental, um universo vazio, onde as coisas ainda estão
por ser criadas.
"Se você mostrar a última equação do nosso trabalho para um
cosmólogo, ele não vai ficar muito impressionado porque é a equação mais
básica da cosmologia," comentou Gielen.
Mas o que impressiona é que a equação elaborada por Alexander
Friedmann em 1924 - ele partiu da Relatividade Geral recém-elaborada por
Einstein - foi derivada a partir das equações que tentam descrever a
gravidade quântica.
Gravidade quântica
As pesquisas sobre a gravidade quântica tentam unificar a física do
muito grande - as descrições da Teoria da Relatividade Geral de Einstein
- com a física do muito pequeno - as partículas descritas pela mecânica
quântica.
Apesar dos progressos, os físicos já sabem que a mecânica quântica não tem a última palavra sobre a realidade. [Imagem: CQT/National University of Singapore] |
Ambas as teorias têm suportado valentemente décadas de verificação
experimental, mas não conversam entre si - quem conseguir unificá-las
será fatalmente chamado de "novo Einstein".
Assim, quando o trio chegou a uma equação fundamental da cosmologia
através de uma das vertentes propostas para explicar a gravidade em
termos quânticos - chamada teoria dos grupos de campos - eles tiveram
suas razões para se sentirem "bastante animados".
Isto demonstra uma possibilidade de se encontrar uma compatibilidade
entre a mecânica quântica e a relatividade geral, algo crucial para uma
melhor compreensão das origens do universo, já que o Big Bang é o melhor
exemplo de um caso de aparente incompatibilidade das duas teorias.
Agora os pesquisadores querem tentar encontrar a mesma
compatibilidade usando modelos mais complexos do Universo, levando em
conta coisas como a matéria e outros "complicadores".
Ou seja, agora eles precisam preencher seu universo com "coisas" e
ver se as previsões contidas em suas equações ainda se mantêm.
Fonte: Inovação Tecnológica
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