Os grânulos da microestrutura cristalina do níquel migram pelas bordas para fechar a trinca. [Imagem: Guoqiang Xu/Michael Demkowicz] |
Cura metálica
Foi um resultado tão inesperado que Guoqiang Xu e Michael Demkowicz, do MIT, nos Estados Unidos, inicialmente pensaram que se tratava de um erro nos seus experimentos.
Quando eles pegaram um pedaço de metal previamente trincado e o colocaram sob tensão - isto é, aplicaram uma força capaz de separá-lo em dois pedaços - o efeito verificado foi justamente o contrário, fazendo com que a fenda se fechasse e as duas extremidades voltassem a se fundir.
"Nós tivemos que voltar e verificar quando, em vez de aumentar [a rachadura], ela começou a se fechar. Primeiro, descobrimos que, na verdade, nada havia de errado. A próxima pergunta foi: 'Porque isso está acontecendo?', conta Demkowicz.
O resultado surpreendente, agora já devidamente esclarecido, poderá permitir criar peças metálicas que se autoconsertem, reparando danos nos estágios iniciais, antes que eles tenham a chance de se espalhar e ameaçar a estrutura inteira.
Disclinação
A explicação do ocorrido está em um fenômeno conhecido como disclinação, quando grânulos da microestrutura cristalina de um metal interagem com uma trinca, deslocando-se pelo metal.
"Nós descobrimos que há um mecanismo que pode, em princípio, fechar rachaduras sob qualquer tensão aplicada," garante Demkowicz.
A maioria dos metais - o experimento foi feito com níquel, usado para fabricar as chamadas superligas - é formada por minúsculos grãos cristalinos cujos tamanhos e orientações podem afetar a resistência e outras características do material.
O que a dupla descobriu é que, sob certas condições, o estresse mecânico "faz com que a microestrutura mude: ela pode fazer os grânulos do contorno migrarem. Essa migração dos grânulos do contorno é a chave para a cura da trinca," explica Demkowicz.
Tendo descoberto e elucidado o mecanismo, os pesquisadores planejam agora estudar como criar ligas metálicas de tal forma que eventuais rachaduras fechem-se sob cargas típicas de aplicações específicas.
Já existem técnicas para controlar a microestrutura das ligas metálicas, de forma que parece ser apenas uma questão de descobrir como alcançar um resultado específico.
Fonte: Inovação Tecnológica
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