Estrutura do Zika Vírus. Imagem do Google |
Uma equipe de pesquisadores e médicos do Brasil e dos EUA confirmou que os danos causados pelo vírus zika nos bebês é maior do que se sabia e que os bebês podem ser afetados mesmo se as gestantes não tenham apresentado sintomas da doença.
O vírus não afeta apenas o sistema nervoso central, hipótese sustentada até agora.
A descoberta ocorreu após pesquisas feitas em um feto, morto na 32ª semana de gestação, depois que a mãe de 20 anos, sem identidade revelada, e moradora do interior da Bahia, foi atendida no Hospital Regional Roberto Santos, em Salvador.
O feto apresentava microcefalia e hidranencefalia, uma condição rara na qual o crânio é preenchido por um líquido.
Além das complicações no sistema nervoso, consideradas graves, outros problemas afetaram o bebê. Ele apresentou quadro de artrogripose (doença congênita que deforma os membros e as articulações) e hidropisia (presença de líquido em cavidades do corpo, provocando inchaços no bebê).
"Descrevemos as primeiras lesões causadas pelo vírus da zika no sistema ocular (nos olhos) e as alterações auditivas. Além disso, alguns bebês com o vírus da zika não têm microcefalia. Então, chamamos isso de síndrome da zika congênita e dizemos que é 'apenas a ponta do iceberg'", relatou o médico Antônio Raimundo de Almeida, um dos responsáveis pelo estudo publicado pela revista científica PLOS Neglected Tropical Diseases.
Outro ponto que chamou a atenção dos pesquisadores foi a ausência de sintomas do vírus zika na mãe. O artigo científico explica que ela pode ter sido exposta ao vírus, mas não desenvolveu nenhum sintoma, apesar de o feto ter adquirido "complicações graves".
"Como isso não havia sido ainda descrito na literatura [médica], nós achamos que seria interessante comunicar à comunidade científica internacional sobre esse achado e estudamos detalhadamente, detectamos o vírus, fizemos o sequenciamento com os colegas e detectamos que esse vírus da zika é uma variante asiática que circula aqui no Nordeste," completou o pesquisador.
Os especialistas explicaram ainda que a descoberta pode aumentar o número de casos notificados dos efeitos do zika nos bebês, já que era registrada apenas a microcefalia. Segundo eles, bebês com zika já apresentaram complicações mais leves, que não foram associadas ao vírus.
Outro estudo divulgado no início de janeiro por pesquisadores da USP já havia identificado outros problemas neurológicos, incluindo lesões oculares e no sistema nervoso central.
Fonte: Diário da Saúde
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