Vírus é mais perigoso pela manhã

Alguns vírus enganam o sistema imunológico, mas tudo parece ser mais perigoso pela manhã.[Imagem: Paolo Zanotto]
Vírus são mais perigosos quando infectam suas vítimas pela manhã do que à tarde ou à noite.
Pesquisadores da Universidade de Cambridge (Reino Unido) descobriram que os vírus têm 10 vezes mais sucesso em adoecer a sua vítima se a infecção tiver início pela manhã.
Os estudos com animais também mostraram que quem está com o relógio biológico desajustado - algo que no ser humano pode ser provocado por jornadas de trabalho em turnos diferentes ou jet lag - está sempre mais vulnerável a infecções.
As descobertas podem ajudar a reforçar o combate a pandemias, orientando as pessoas sobre os horários mais críticos em que devem buscar medidas de prevenção extras.
Tudo parece se dever à atuação do relógio biológico interno do corpo, que torna o organismo mais ativo pela manhã. Cerca de 10% dos genes - as instruções para gerenciar o corpo humano - mudam durante o dia sob controle do relógio biológico.
Os vírus - ao contrário das bactérias e parasitas - são completamente dependentes de sua capacidade de "sequestrar" o mecanismo interno das células para se replicar. Mas essas células mudam muito como parte desse padrão de 24 horas conhecido como relógio biológico, que influencia, por exemplo, o funcionamento do nosso sistema imunológico e a liberação de hormônios.
Contato com vírus pela manhã é mais perigoso
Recentemente cientistas japoneses descobriram como ler as horas do relógio biológico. [Imagem: PNAS]
No estudo, camundongos foram infectados com o vírus influenza, que causa a gripe, ou com o vírus da herpes. Os animais infectados durante a manhã apresentaram níveis virais 10 vezes maiores do que aqueles infectados durante a noite. Apesar de terem sido usados apenas dois tipos de vírus no estudo, eles são muito diferentes - um é vírus de DNA e o outro de RNA -, o que sugere que o princípio se aplica a um grande número de vírus.
Os vírus que chegavam mais tarde falharam em um processo que, metaforicamente, pode ser explicado como se eles estivessem tentando fazer operários reféns dentro de uma fábrica depois que o turno dos operários tivesse terminado. Quando os pesquisadores forçaram os animais a ritmos de vida artificiais, que atrapalhavam seu relógio biológico, eles se tornaram igualmente mais suscetíveis à infecção.
"Há uma grande diferença", disse o professor Akhilesh Reddy. "O vírus precisa de todo o aparato disponível na hora certa (para ser eficaz), mas uma pequena infecção pela manhã pode se desenvolver mais rapidamente e se espalhar pelo corpo. Em uma pandemia, ficar em casa durante o dia pode ser importante (para) salvar vidas. Se os testes comprovarem a hipótese, isso pode ter um grande impacto."
O estudo foi publicado na revista científica Pnas, da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos.
Fonte: Diário da Saúde

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