Empurrão
que puxa
Empurre-o e, ao
contrário de todos os objetos físicos no mundo que conhecemos, ele
não irá se acelerar na direção em que foi empurrado - ele acelera
para trás, na sua direção.
Assim se comporta o
objeto com massa negativa criado por Mohammad Khamehchi e seus
colegas da Universidade do Estado de Washington, nos EUA.
Não é exatamente uma
novidade experimental, mas Khamehchi idealizou um sistema que permite
um controle sem precedentes da matéria negativa, eliminando dúvidas
sobre experimentos anteriores e abrindo o caminho para a utilização
da técnica em outros estudos.
Por exemplo, elétrons
com massa negativa podem abrir caminho para novas formas de
condução de cargas elétricas, enquanto outros pesquisadores já
falam até mesmo de um motor
fotônico que acelera continuamente.
Criando massa
negativa
A teoria já previa que
a matéria poderia ter massa negativa, da mesma forma que uma carga
elétrica pode ser positiva ou negativa. Mas raramente pensamos
nesses termos, e nosso mundo cotidiano vê apenas os aspectos
positivos da Segunda Lei do Movimento de Isaac Newton, em que uma
força é igual à massa de um objeto vezes sua aceleração, ou F =
ma.
Para botar nosso mundo
cotidiano às avessas, Khamehchi usou feixes
de laser para esfriar átomos do elemento rubídio a uma
temperatura pouco acima do zero absoluto, produzindo um Condensado de
Bose-Einstein. Nesse estado da matéria, os átomos se movem de forma
extremamente lenta e, conforme previsto pela mecânica quântica, se
comportam como ondas. Eles também se sincronizam e se movimentam de
forma coordenada, como se fossem um superátomo
único - eles se tornam um superfluido, que flui sem perder energia.
Os lasers prendem os
átomos como se eles estivessem em uma bacia com menos de 100
micrômetros de diâmetro. Neste ponto, o superfluido de rubídio tem
massa normal. Mas, quando a bacia de laser é quebrada, o superátomo
de rubídio se expande.
Para criar a massa
negativa, os pesquisadores aplicaram um segundo conjunto de lasers
que empurra esses átomos em expansão de um lado para outro, mudando
o modo como eles giram. Desta forma, quando alguns átomos de rubídio
escorrem para fora da armadilha original rápido o suficiente, eles
se comportam como se tivessem massa negativa.
"Assim que você o
empurra, ele acelera em sua direção," disse o professor
Michael Forbes. "Parece que o rubídio se choca contra uma
parede invisível".
"O que é novidade
aqui é o controle requintado que temos sobre a natureza dessa massa
negativa, sem quaisquer outras complicações", completou
Forbes.
A novidade do experimento é o nível de controle obtido da porção dos átomos de rubídio com massa negativa. Imagem: Mohammad A. Khamehchi et al. - 10.1103/PhysRevLett.118.155301 |
Uso
na astrofísica
A equipe acredita que
seu experimento ajudará a esclarecer comportamentos similares já
observados experimentalmente em outros sistemas, explicando esses
comportamentos anômalos em termos de massa negativa.
Isso cria uma
ferramenta para estudar a física análoga observada na astrofísica,
como nas estrelas de nêutrons e em fenômenos cosmológicos como
buracos negros e energia escura, onde é impossível realizar
experimentos.
Matéria colhida na íntegra em: Inovação Tecnológica
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