Uma nova
pesquisa de fragmentos de DNA que circulam no sangue humano indica
que nossos corpos possuem uma população de micróbios vastamente
mais rica do que qualquer cientista havia suspeitado até agora.
Na
verdade, 99% do DNA localizado em nosso sangue é novo para a
ciência.
"Nós
descobrimos a escala inteira. Encontramos [fragmentos de DNA] que
estão relacionadas a coisas que as pessoas já viram antes,
encontramos coisas divergentes e encontramos coisas completamente
novas," disse Stephen Quake, professor de bioengenharia da
Universidade de Stanford (EUA).
A
pesquisa foi inspirada por uma observação curiosa feita no
laboratório de Quake enquanto sua equipe buscava maneiras não
invasivas de prever se o sistema
imunológico de um paciente de transplante reconheceria o novo
órgão como estranho e o atacaria, um evento conhecido como
rejeição.
Normalmente é preciso fazer uma biópsia de tecido para detectar o
risco de rejeição - o que significa uma grande agulha sendo
espetada no paciente e pelo menos uma tarde em uma cama de hospital
para observação.
A equipe
achou que deveria haver uma maneira melhor de fazer isto. Em teoria,
poderia ser possível detectar a rejeição pegando amostras de
sangue e observando qualquer DNA livre - não ligado a uma célula -
e os pedaços de DNA que circulam livremente no plasma sanguíneo.
Além dos fragmentos de DNA do próprio paciente, essas amostras
devem conter fragmentos do DNA do doador do órgão, bem como uma
larga coleção de DNA de bactérias, vírus e outros micróbios que
compõem o microbioma de uma pessoa.
De
2013 para cá, Quake e as equipes dos seus colegas Mark Kowarsky e
Iwijn De Vlaminck coletaram amostras de 156 receptores de transplante
de coração, pulmão e medula óssea, juntamente com amostras de 32
mulheres grávidas - assim como os medicamentos imunossupressores
tomados pelos pacientes transplantados, a gravidez
também altera o sistema imunológico, embora de maneiras mais
complicadas e menos bem compreendidas pela ciência.
A teoria
de que esse exame de fragmentos de DNA dá um bom sinal da rejeição
do transplante de órgãos foi confirmada.
Mas também
havia outra coisa, algo muito mais estranho. A equipe não conseguiu
catalogar 99% dos fragmentos de DNA não-humanos encontrados, mesmo
depois de vasculhar todas as bases de dados genéticas existentes.
A vasta
maioria das moléculas de DNA pertence ao filo das proteobactérias,
que inclui, entre muitas outras espécies, agentes patogênicos como
E. coli e Salmonella. E a maior parte dos vírus
pertence à família torque teno (TTV: torque teno virus),
poucos deles associados a doenças humanas, mas frequentemente
encontrados em pacientes imunocomprometidos.
"Nós
dobramos o número de vírus conhecidos naquela família com este
trabalho," disse Quake, destacando alguns que não se encaixam
nem no grupo dos que infectam seres humanos e nem no grupo dos que
infectam animais.
"Nós
descobrimos uma nova classe inteira de vírus que infectam humanos
que estão mais próximos da classe animal do que da classe humana
anteriormente conhecida, de forma que são bastante divergentes na
escala evolutiva," contou o pesquisador, afirmando que agora
começa o longo processo de análise para catalogar todos os
microrganismos responsáveis pelos fragmentos de DNA encontrados.
Os
resultados foram publicados na revista científica PNAS.
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