É maluquice querer ir a Marte antes de colonizar a Lua?


A construção de uma base lunar está ganhando força entre as agências espaciais. Imagem: ESA
Em um bem-vindo surto de realismo, as agências espaciais e as empresas privadas de foguetes parecem ter decidido apoiar planos para a construção de bases lunares.
A boa notícia é que isto aparentemente joga para mais longe a ideia entusiasmante, mas frágil e um tanto absurda, de tentar colonizar Marte antes da Lua.
Tem havido sérias dúvidas sobre o objetivo declarado pela NASA de levar humanos ao Planeta Vermelho primeiro, na década de 2030 - dúvidas tanto técnicas quanto orçamentárias. E um projeto para retornar à Lua seria muito mais barato e viável sob todos os aspectos.
A ideia de priorizar a ida de astronautas a Marte tem sido favorecida há uma década, quando alguns especialistas espaciais começaram a defender a noção pouco convincente de explorar Marte antes da Lua.
Mas a noção é, no mínimo, estranha: Por que deveríamos deixar de aprender a viver em outro mundo na nossa vizinha Lua, onde podemos resolver os enormes desafios técnicos, sociais e psicológicos da vida confinada, a apenas três dias de distância, e ir direto para Marte, em uma viagem de seis meses repleta de radiação, onde as tripulações estariam além de qualquer possibilidade de resgate?
Uma massa crítica agora parece estar-se formando para apoiar a ideia de uma Lua colonizada no século 21, antes de voos mais arriscados a Marte.
Durante o Congresso Internacional de Astronáutica, em Adelaide, na Austrália, as conversas sobre Marte deram lugar a uma série de planos para a exploração da Lua. A principal delas foi, sem dúvida, a declaração da Agência Espacial Europeia (ESA) de que construir uma vila lunar antes de uma colônia marciana faz mais sentido.
E a ESA é parceira da NASA na nova nave espacial Órion, projetada para transportar tripulações além da órbita terrestre - seja para a Lua, para asteroides ou, e nisso há mais dúvidas, para Marte.
Da mesma forma, a agência russa Roscosmos e a NASA revelaram que estão em negociações para desenvolver conjuntamente o Portal do Espaço Profundo (Deep Space Gateway), uma nova estação espacial que deverá ser posicionada perto da Lua, servindo de porto para viagens para "destinos distantes".
Finalmente, durante uma reunião do Conselho Nacional do Espaço dos EUA, o vice-presidente do país, Mike Pence, declarou que os EUA estão comprometidos com "o retorno dos humanos à Lua para uma exploração de longo prazo" - e desta vez, enfatizou Pence, não apenas para deixar "pegadas e bandeiras".
O Portal do Espaço Profundo (Deep Space Gateway) servirá de porto de ancoragem para a saída para viagens a destinos mais distantes. Imagem: NASA/Lockheed
A defesa de uma ida a Marte primeiro, desta forma, parece ter deixado isolado o presidente da SpaceX, Elon Musk, que já declarou que "quer morrer em Marte, mas não no impacto". Conhecido por anunciar cronogramas impossíveis de cumprir, ele já havia prometido uma viagem a Marte em 2018 - agora ele fala em 2024.
Contudo, também presente no congresso na Austrália, ele não deu sinais de que pretenda bater em ferro frio: "É 2017. Quero dizer, devemos ter uma base lunar já," disse Musk.
Para mostrar-se comprometido com a ideia, ele até mostrou o projeto inicial da Base Lunar Alfa, batizada em homenagem à série de TV Espaço 1999.
Assim, com um maior senso de realismo, a expectativa é que tenhamos de volta os projetos espaciais de verdade que, ainda não sejam feitos "até o final da década", como se disse uma vez, pelo menos virem realidade no tempo de vida dos seus idealizadores.

Fonte: Inovação Tecnológica

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