Imagem: Institute of Technology/Massachusetts Institute of Technology/Handout/Reuters |
O prêmio foi para o time que descobriu as ondas gravitacionais, um fenômeno que Einstein previu, mas que jurava que jamais encontraríamos. Ele estava errado.
Há
1,3 bilhões de anos, em uma galáxia muito, muito distante, dois
buracos negros 30 vezes maiores do que o Sol se chocaram e viraram um
só. Essa pancada liberou tanta energia que gerou ondas
gravitacionais: perturbações que se propagam no tecido do
espaço-tempo.
Há
100 anos, na Alemanha, um tal de Albert Einstein previu a existência
das ondas gravitacionais – mas apostou que nós nunca seríamos
capazes de detectá-las.
Em
24 de setembro de 2015, as ondas produzidas lá no primeiro parágrafo
alcançaram o LIGO, o observatório astronômico mais ambicioso já
construído pela espécie humana. Cansadas da longa viagem, elas já
estavam mais para marolinhas. Mas ainda foram capazes de gerar uma
perturbação menor que um átomo – detectada com precisão por
dois pares de raios laser de quatro quilômetros de comprimento,
distantes 3 mil quilômetros um do outro (um na Louisiana, outro em
Washington).
Bingo!
Einstein
estava certo: as ondas existiam, do jeitinho que ele previu.
Também estava errado: com 1,1 bilhões de dólares e mais de mil
cientistas de 20 países, foi possível detectá-las. Não é à toa,
portanto, que as três cabeças que estão por trás desse feito
histórico – o alemão Rainer Weiss e os norte-americanos Barry C.
Barish e Kip S. Thorne – levaram
agora o Prêmio Nobel de Física de 2017. Weiss, em particular,
deu os primeiros passos rumo à descoberta ainda na década de 1970,
quando o LIGO ainda não era nem especulação.
“Legal”,
você dirá, “eles confirmaram uma teoria de 100 anos. Mas alguém
realmente achava que Einstein estava errado?”
Bem,
não. Einstein já errou na vida (já
ouviu falar da constante cosmológica?), mas esse claramente não
era o caso. Acontece que pegar as ondas gravitacionais no ‘flagra’
foi só o primeiro passo de algo muito, muito maior: usá-las para
observar coisas a que as outras ondas não dão acesso.
Quando
você toca uma corda de violão, o som que você ouve é uma onda
mecânica, que se propaga no ar. Ou seja: no vácuo do espaço, não
há música – nem as explosões que você ouve em Star Wars.
Moral da história 1? Não podemos ouvir o universo.
A
luz também é feita de ondas. No caso, ondas eletromagnéticas.
Essas sim, se propagam no vácuo– por isso você vê o céu
estrelado. Mas tudo tem limite. Há galáxias tão distantes que sua
luz tênue está além do que os telescópios mais modernos podem
observar. Além disso, há coisas – chamadas buracos negros – que
sequer podem ser vistas. Moral da história 2: em muitos casos,
também não podemos ver o universo.
Já
as ondas gravitacionais são um negócio tão cataclísmico que elas
se propagam dobrando as quatro dimensões que dão forma à
realidade. Isso torna-as uma janela para estudar os fenômenos
naturais mais violentos, distantes e misteriosos que existem. Essas
ondas são acima de tudo uma ferramenta – que dará aos astrônomos
do terceiro planeta a partir do Sol um novo par de olhos para
observar os céus.
Matéria colhida na íntegra em: Super Abril - Ciência
0 Comentários
Com seus comentários, você ajuda a construir esse ambiente. Sempre que opinar sobre as postagens, procure respeitar a opinião do outro.
Muito obrigado por participar de nosso Blog!
Abraços!