Uma
madeira mais resistente do que a natural e mais forte do que ligas de
titânio foi desenvolvida por engenheiros da Universidade de
Maryland, nos EUA, que dizem que sua invenção pode ser um
importante substituto do aço.
"É
uma solução promissora na busca por materiais sustentáveis e de
alto rendimento", afirmou Liangbing Hu, professor-associado de
Ciência e Engenharia de Materiais da universidade e líder da equipe
que desenvolveu o projeto, publicado no periódico científico
Nature.
Para
ele, o produto final apresenta 12 vezes mais resistência que a
madeira comum. "É um tipo de madeira que pode ser usado em
automóveis, aviões, edifícios e em qualquer aplicação em que se
use aço."
Resistência da lignina
A
supermadeira é fabricada em duas etapas: a primeira consiste em um
tratamento químico para a extração parcial da molécula chamada
lignina, um dos polímeros mais comuns do planeta e o elemento que
confere à madeira sua cor amarronzada e sua rigidez.
Depois,
a madeira é comprimida a um calor de 100ºC, o que "espreme"
as fibras de celulose e reduz a grossura do produto final em cerca de
80%.
Essa
compressão destrói eventuais defeitos na madeira, como buracos ou
nós. Mas o mais importante é que suas fibras ficam tão próximas
entre si que formam fortes elos de hidrogênio.
A
lignina é retirada justamente para evitar que fiquem espaços vazios
entre as fibras, explica Hu. Mas essa remoção é apenas parcial
porque "se comprimíssemos a madeira depois de extrair a lignina
totalmente, a estrutura inteira (do material) colapsaria".
Projéteis
Os
pesquisadores da Universidade de Maryland testaram o material com
tiros de projéteis de aço, similares a balas de revólver.
Os
projéteis atravessaram a madeira natural, mas ficaram retidos até a
metade quando disparados contra a madeira tratada.
"A
supermadeira é tão forte quanto o aço, mas seis vezes mais leve",
diz Hu.
Ele
agrega que o tratamento funcionou nos testes realizados em três
tipos de madeira dura (tília, carvalho e álamo) e outros três de
madeira mais leve (cedro e pinheiro).
E,
ao adensar madeiras mais leves, será possível diversificar seu uso,
explica o pesquisador.
"Madeiras
leves como o pinheiro, que crescem rapidamente e são mais
ecologicamente corretas, podem substituir florestas mais densas porém
de crescimento mais lento, como a teca, (para fabricação de) móveis
ou edificações", diz Hu.
Questionado
sobre essa tecnologia estimular o desmatamento, Hu argumenta que "a
madeira densificada pode ser usada por mais tempo, e por isso não
resultará na destruição de florestas".
Agora,
os pesquisadores estão em busca de aplicações para a nova
tecnologia, e uma startup universitária foi criada para
comercializar a técnica.
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