Imagem: BBC |
Decisão bem fundamentada
Já estão valendo as novas regras estabelecidas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para estimular a realização do parto normal na rede de saúde particular e conscientizar gestantes sobre os riscos representados pela cesariana.
Agora, gestantes precisarão assinar um termo de consentimento sobre os perigos da cirurgia para que o plano de saúde cubra seus custos. Por sua vez, as seguradoras terão de informar a taxa de cesáreas e de partos normais dos médicos e hospitais quando solicitadas pelo cliente.
As medidas buscam fazer com médicos tenham um papel mais ativo para informar as mães sobre os benefícios e os prejuízos da cesariana na hora da tomada de decisão sobre o tipo de parto. E, assim, combater a chamada "epidemia de cesáreas" no Brasil, país líder em partos realizados por meio de cirurgia no mundo.
Riscos
Atualmente, mais da metade dos bebês brasileiros nascem por cesariana - um índice que chega a 84,6% na rede particular -, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O órgão recomenda que a taxa fique entre 10% e 15% dos partos.
A cirurgia é cada vez mais simples e segura e pode ser necessária para salvar gestante e bebê quando é identificado risco na realização do parto normal.
Mas a cirurgia ainda implica em perigos, e o número de cesarianas feitas por opção da mãe, sem recomendação médica, vem aumentando.
Conveniente para os médicos
Mas como a cesariana tornou-se o padrão em vez da exceção em tantos países pelo mundo?
São muitos os argumentos, como o "medo da dor" na Itália, a preocupação com a sexualidade em países como México, República Dominicana, Chile e Argentina, e até o desejo de que o filho nasça em uma data precisa, como na China, onde as crenças populares afirmam que a data de nascimento poderia beneficiar os bebês.
No caso brasileiro, especialistas apontam que, antes de ser regulamentada nos anos 1990, a cesárea era vista como um procedimento "dois em um", porque permite realizar também a esterilização da mulher, tornando-se uma opção para aquelas que não queriam mais ter filhos.
Hoje, a opção por este tipo de parto se dá por ser mais conveniente para os médicos, que podem se programar para a cirurgia em vez de receber uma ligação inesperada no meio da noite e ter de passar horas acompanhando o trabalho de parto.
Da mesma forma, um mesmo médico pode realizar várias cesarianas em um mesmo dia, o que as torna mais lucrativas do que o parto normal.
"A mensagem enviada pela comunidade médica é que a cesariana é uma forma de parto mais moderna e higiênica, enquanto o parto normal é feio, primitivo e sujo," diz Simone Diniz, do departamento de saúde pública da Universidade de São Paulo (USP).
Simone acredita que muitas mulheres sentem-se pressionadas para optar pela cirurgia por seus médicos e enfermeiras, criando uma "máquina de fazer dinheiro" na indústria em torno dos partos.
Matéria colhida na íntegra em Diário da Saúde
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