Cientistas tentando explicar a generosidade

Apesar das conclusões temerárias, há dados interessantes reforçando a ideia de que os extremos não são explicações razoáveis para o comportamento humano. [Imagem: Cendri Hutcherson]
Cientistas afirmam que um modelo computacional que tenta explicar como o cérebro faz escolhas altruístas mostrou resultados capazes de prever quando uma pessoa vai agir de forma generosa em um cenário envolvendo abrir mão de uma soma de dinheiro.
O trabalho, publicado na revista Neuron, também tenta explicar por que ser generoso às vezes parece tão difícil.
A razão pela qual as pessoas agem de forma altruísta é bem controvertida entre os cientistas acadêmicos, sempre às voltas com teorias de competição e egoísmo em busca da sobrevivência.
Alguns argumentam que as pessoas são naturalmente egoístas - inclusive geneticamente - e que a única maneira de substituir nossas tendências gananciosas é exercitar o autocontrole.
Outros são mais positivos, acreditando que os seres humanos naturalmente acham a generosidade gratificante e que só agem de modo egoísta quando fazemos uma pausa para pensar sobre isso e se lembram dos próprios interesses.
O novo modelo sugere que nenhum dos dois extremos consegue explicar tudo: tanto a generosidade quanto o egoísmo podem sair rápido e sem esforço. Mas isso depende da pessoa e do contexto.
"Nós concluímos que o que importa não é se você pode exercer o autocontrole, mas o quão fortemente você considera as necessidades dos outros em relação às suas próprias. Se você considerar mais as necessidades da outra pessoa, ser generoso é fácil. Se você se considera mais, a generosidade requer um grande esforço," disse o Cendri Hutcherson, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (EUA) e da Universidade de Toronto (Canadá).
Não parece ser uma boa explicação, já que considerar mais as necessidades dos outros é uma boa definição para generosidade, enquanto considerar mais suas próprias necessidades é algo mais afeito ao egoísmo - algo como "Generosidade é aquilo que pessoas generosas fazem".
Mas há dados interessantes reforçando a ideia de que os extremos não são explicações razoáveis em termos do comportamento humano: embora a maioria dos voluntários tenha-se mostrado mais gananciosa do que generosa, mesmo os participantes mais egoístas às vezes tomavam decisões generosas.
De forma um tanto surpreendente - mas coerente com as teorias científicas mais em voga - os cientistas analisaram as decisões generosas das pessoas majoritariamente egoístas não como evidência de autocontrole, mas como erros - momentos em que essas pessoas subvalorizaram o benefício próprio.
Fonte: Diário da Saúde

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