Câmara de testes de motores-foguetes no INPE. Imagem: INPE |
O Brasil
acaba de desenvolver um novo tipo de combustível para a propulsão
de motores de foguetes usados no lançamento de satélites
artificiais e nos próprios satélites.
O país
também está desenvolvendo motores
e um foguete completo movido a etanol, em uma parceria com a
agência espacial alemã (DLR), que anunciou recentemente progressos
nos testes iniciais.
Já o novo
combustível à base de etanol foi criado por pesquisadores do INPE
(Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
O
combustível utiliza uma combinação de etanol e etanolamina que
reage com peróxido de hidrogênio, a popular água oxigenada,
concentrado a 90%. A mistura desses elementos, catalisada por sais de
cobre, entra em combustão espontaneamente, culminando na propulsão
do foguete.
Trata-se
de uma reação hipergólica, que gera ignição espontaneamente
apenas pelo contato dos componentes químicos, sem a presença de
fontes externas para a ignição.
"Descobrimos
que o etanol funciona muito bem nessa reação. Com ele, o atraso de
ignição é bem menor, aumenta o desempenho do motor e reduz os
custos do combustível. A decomposição do peróxido a 90% eleva
muito a temperatura do sistema, o que facilita na ignição do
motor", explicou Ricardo Vieira, chefe do Laboratório Associado
de Combustão e Propulsão (LCP).
Segundo
Vieira, o novo propelente é mais adequado para uso em motores de
apogeu, usados na transferência de órbita de satélites, ou nos
últimos estágios dos veículos lançadores.
O
combustível brasileiro apresenta vantagens em relação aos
propelentes comumente usados pela indústria espacial no mundo, como
a hidrazina e o tetróxido de nitrogênio.
Estes dois
combustíveis, que não são produzidos pelo Brasil, são caros. Um
quilograma (kg) de cada uma dessas substâncias é cotado a cerca de
R$ 1 mil. Além disso, a hidrazina e seus derivados são
cancerígenos, e o tetróxido de nitrogênio pode ser fatal após
poucos minutos de exposição, mesmo a baixas concentrações no ar.
Já o
combustível brasileiro à base de etanol tem um custo médio de R$
35 por kg, e não oferece risco. Além disso, a concentração do
peróxido de hidrogênio a 90% é feita no próprio laboratório do
INPE.
"A
eficiência é próxima à dos propelentes tradicionalmente
utilizados em propulsão, a hidrazina e o tetróxido de nitrogênio.
A vantagem que temos são o preço e a segurança no manuseio dos
componentes, que não poluem o meio ambiente," ressaltou o
pesquisador.
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