Fluxos
de buracos negros
Astrônomos
flagraram estrelas nascendo nos poderosos fluxos de matéria lançados
por buracos negros supermassivos, situados nos núcleos das galáxias.
Estas
primeiras observações confirmadas de estrelas em formação nesse
tipo de ambiente extremo têm muitas consequências para a
compreensão da evolução e das propriedades das galáxias inteiras.
Embora
por muito tempo os cientistas acreditassem que tudo
tendia a cair nos buracos negros, e nada a escapar deles, hoje
eles assumem que esses objetos de gravidade descomunal estão
envolvidos na geração de fluxos, "ventos" colossais de
matéria, que são expelidos
justamente quando a matéria circundante é atraída pelo buraco
negro.
Foi
no meio desse vendaval cósmico que os astrônomos descobriram
estrelas nascendo. Elas estão situadas na região de colisão de
duas galáxias, chamadas coletivamente IRAS F23128-5919, situadas a
cerca de 600 milhões de anos-luz de distância da Terra.
Curiosamente, esses ventos
de buracos negros já haviam sido associados com uma menor formação
de estrelas.
Estrelas
ejetadas
E
as estrelas parecem formar-se nos fluxos a taxas muito elevadas; os
astrônomos calculam que são formadas estrelas correspondentes a um
total de 30 vezes a massa do Sol por ano nesses fluxos, o que
equivale a mais de um quarto da formação estelar em todo este
sistema de galáxias em fusão.
A
equipe detectou também uma população estelar muito jovem nos
fluxos. Estas estrelas parecem ter idades inferiores a algumas
dezenas de milhões de anos, e análises preliminares sugerem que
estes objetos são mais quentes e brilhantes do que estrelas que se
formam em meios menos extremos, como nos discos galácticos.
Para
confirmar todo o processo, eles determinaram o movimento e a
velocidade dessas estrelas, que indicam que elas estão se deslocando
em alta velocidade, afastando-se do centro da galáxia - o que faz
sentido para objetos "apanhados" numa corrente de material
que se desloca em alta velocidade a partir do buraco negro no centro
da galáxia.
"As
estrelas que se formam no vento próximo do centro galáctico podem
ser freadas ou até começar a voltar, mas as estrelas que se formam
mais longe apresentam menor desaceleração, podendo até deslocar-se
para fora da galáxia," disse Helen Russell, do Instituto de
Astronomia de Cambridge, no Reino Unido.
Explicações
sobre as galáxias
Esta
descoberta traz novas informações que ajudarão a compreender
vários fenômenos astrofísicos, por exemplo, como as galáxias
assumem suas formas distintas.
Por
exemplo, as galáxias espirais têm uma estrutura em disco óbvia,
apresentando no centro um bojo distendido de estrelas e sendo
rodeadas por uma nuvem difusa de estrelas chamada halo, enquanto as
galáxias elípticas são essencialmente compostas por elementos
esferoidais. As estrelas formadas nos fluxos em tão grande
proporção, e ejetadas do disco principal, podem ter um papel
importante na determinação do formato dessas estruturas galácticas.
Além
disso, o processo pode ajudar a explicar como o meio intergaláctico
se enriquece de elementos pesados, uma questão que ainda permanece
em aberto porque a criação de átomos mais pesados exige as
pressões imensas encontradas apenas no núcleo de grandes estrelas.
As estrelas dos fluxos podem fornecer possíveis explicações. Por
exemplo, se elas forem lançadas para fora da galáxia e depois
explodirem sob a forma de supernovas, os elementos pesados que contêm
poderão ser liberados nesse meio.
Finalmente,
essas estrelas podem estar envolvidas na origem da até agora
inexplicável radiação cósmica de fundo infravermelha. Semelhante
à mais famosa radiação cósmica de fundo de micro-ondas, o fundo
infravermelho é um brilho fraco nessa região do espectro que vem de
todas as direções do espaço. No entanto, a sua origem nas bandas
do infravermelho próximo nunca foi verificada de modo satisfatório.
Uma população de estrelas de fluxo lançadas para o espaço
intergaláctico poderá contribuir para esta radiação.
Matéria colhida na íntegra em: Inovação Tecnológica
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