Se a vida começa mesmo aos 40, as históricas sondas Voyager estão para entrar na melhor fase de suas vidas: partindo definitivamente rumo às estrelas. Imagem: NASA |
Naves
que inspiram
As naves
espaciais mais distantes e de maior longevidade já fabricadas pela
humanidade, as Voyagers 1 e 2, completam 40 anos de operação e
exploração neste mês de agosto e em setembro.
Apesar de
sua grande distância, elas continuam a se comunicar diariamente com
a NASA, ainda examinando a nossa fronteira final - os pontos mais
distantes do espaço já estudados pelo homem.
Cada uma
das sondas carrega um disco dourado com registros de sons, imagens e
mensagens da Terra. Como elas teoricamente poderão durar bilhões de
anos no espaço, essas cápsulas circulares do tempo poderão um dia
ser um dos únicos vestígios da civilização humana.
Esta é
uma das razões pelas quais a história das Voyagers influenciou não
apenas gerações de cientistas e engenheiros, mas também a cultura
da Terra, incluindo filmes, arte e música.
"Eu
acredito que poucas missões podem sequer se comparar às conquistas
das naves espaciais Voyager durante suas quatro décadas de
exploração," disse Thomas Zurbuchen, administrador de ciências
da NASA. "Elas nos educaram para as maravilhas desconhecidas do
Universo e verdadeiramente inspiraram a humanidade para continuar
explorando nosso Sistema Solar e além".
Em 2011, a Voyager 1 descobriu uma "rodovia magnética" na fronteira do Sistema Solar. Imagem: NASA/JPL-Caltech |
Descobertas
das sondas Voyager
As duas
sondas Voyager estabeleceram inúmeros recordes em suas jornadas.
Em
2012, a Voyager 1, lançada em 5 de setembro de 1977, tornou-se a
primeira
nave terrestre a entrar no espaço interestelar.
A Voyager
2, lançada em 20 de agosto de 1977, é a única nave espacial a ter
sobrevoado os quatro planetas externos - Júpiter, Saturno, Urano e
Netuno. Seus numerosos encontros planetários incluem a descoberta
dos primeiros vulcões ativos além da Terra, na lua de Júpiter Io;
sinais de um oceano subterrâneo na lua de Júpiter Europa; a
atmosfera mais parecida com a Terra no Sistema Solar, na lua Titã de
Saturno; a lua gelada Miranda em Urano; e gêiseres gelados na lua
Triton de Netuno.
Embora
tenham deixado os planetas para trás há muito tempo - e não
chegarão nem remotamente perto de outra estrela nos próximos 40 mil
anos - as duas sondas ainda enviam observações sobre condições em
que a influência do nosso Sol diminui e o espaço interestelar
começa.
A Voyager
1, agora a quase 21 bilhões de quilômetros da Terra, viaja através
do espaço interestelar rumo "norte" - ascendendo em
relação ao plano dos planetas. Ela revelou que os raios cósmicos,
núcleos atômicos acelerados a quase a velocidade da luz, são
quatro vezes mais abundantes no espaço interestelar do que nas
proximidades da Terra. Isso significa que a heliosfera, a "bolha"
que contém os planetas do nosso Sistema Solar e o vento solar
efetivamente funcionam como um escudo de radiação para os planetas.
Os dados da Voyager 1 também sugerem que o campo magnético do meio
interestelar local envolve a heliosfera.
A Voyager
2, agora a quase 18 bilhões de quilômetros da Terra, viaja para o
"sul" e espera-se que ela entre no espaço interestelar nos
próximos anos. As diferentes localizações das duas Voyagers
permitem que os cientistas comparem agora duas regiões do espaço
onde a heliosfera interage com o meio interestelar envolvente usando
instrumentos que medem partículas carregadas, campos magnéticos,
ondas de rádio de baixa frequência e plasma do vento solar. Quando
a Voyager 2 atravessar o meio interestelar, também será possível
comparar esse ambiente de dois locais diferentes simultaneamente.
Em 2009, as Voyagers descobriram uma nuvem interestelar que a física até então afirmava que não deveria existir. Imagem: The American Museum of Natural History. |
Eternidade
silenciosa
Como a
energia dos geradores de radioisótopos das duas sondas Voyager
diminui em quatro watts por ano, os engenheiros estão aprendendo a
operar as naves sob restrições de potência cada vez mais
apertadas. Para isso eles frequentemente precisam mandar buscar
engenheiros aposentados há muito anos, os responsáveis pelo projeto
e construção das duas sondas, para que eles lhes mostrem como lidar
com programas escritos em linguagens de programação não mais
usadas, projetadas para rodar em computadores que não existem mais.
Os membros
atuais da equipe estimam que terão que desligar o último
instrumento científico por volta de 2030.
No
entanto, mesmo depois que as duas naves espaciais humanas pioneiras
se calarem, elas continuarão em suas trajetórias na velocidade
atual, de cerca de 48.280 quilômetros por hora em relação à
Terra, completando uma órbita dentro da Via Láctea a cada 225
milhões de anos.
Matéria colhida na íntegra em: Inovação Tecnológica
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