Descoberto um tipo único de objeto no Sistema Solar


O 288P é formado por dois corpos (a elipse mostra a órbita mútua) que, juntos, navegam pelo espaço com uma cauda parecida com a de um cometa. Imagem: ESA/Hubble, L. Calçada
Asteroide ou cometa?
Parece ser um asteroide binário, mas, em vez de dois pedregulhos virtualmente inertes, como costumam ser os asteroides, a dupla se comporta em tudo como se fosse um cometa, incluindo uma longa cauda e uma coma brilhante.
Assim é o objeto celeste, que não se encaixa em nenhuma definição já proposta pelos cientistas, descoberto por uma equipe liderada por Jessica Agarwal, do Instituto Max Planck de Pesquisas do Sistema Solar, na Alemanha.
O objeto, conhecido como 288P, está localizado no cinturão de asteroides, entre Marte e Júpiter, onde costumam morar - ou ter-se originado - a maioria dos asteroides que conhecemos. Já os cometas, os cientistas acreditam que eles venham de um ainda hipotético campo de corpos celestes situado nos confins do Sistema Solar, conhecido como Nuvem de Oort.
Assim, se o 288P é um "asteroide cometário" ou um "cometa asteroidal" é coisa que ainda vai exigir longas discussões em congressos de astronomia nos próximos anos.
Na prática, a descoberta complica as definições e lança novas possibilidades sobre as especificações cruas de asteroides como corpos secos e quase inertes - essencialmente pedras girando pelo espaço - e cometas como corpos cheios de gelo e atividade decorrente de seu aquecimento ao se aproximar do Sol.
Essa definição dos cometas já vem balançando muito desde que a sonda Rosetta visitou o cometa Chury, praticamente redefinindo o que é um cometa ao mostrar que, em vez de um grande bloco de gelo empoeirado, como os cientistas acreditavam, o cometa é largamente poroso, mas "seco como um osso no deserto".
Gelo interior
Imagem: NASA/ASA/J. Agarwal
As imagens, feitas pelo telescópio Hubble, mostram que o 288P é um binário formado por dois corpos de tamanhos praticamente iguais, separados entre si por cerca de 100 quilômetros.
A atividade cometária ainda é um enigma, e exigirá novas observações e um acompanhamento do objeto durante algum tempo, mas Jessica Agarwal acredita que esse é um indicador de que o binário é resultado da cisão de um objeto maior, expondo um núcleo preservado, que agora estaria sendo ejetado.
"Nós detectamos fortes indícios da sublimação de gelo de água devido ao aumento do aquecimento solar - similar a como a cauda de um cometa é criada. Gelo de superfície não poderia sobreviver no cinturão de asteroides pela idade do Sistema Solar, mas poderia ser protegido por bilhões de anos por um manto refratário de poeira, com apenas alguns poucos metros de espessura," disse ela.
Por isso a equipe acredita que o 288P existe na forma de um binário por não mais do que 5.000 anos, com o cenário mais provável indicando que ele teria se quebrado devido a uma rápida rotação. "Depois disso, os dois fragmentos podem estar se afastando devido aos torques de sublimação," disse Jessica.
Matéria colhida na íntegra em: Inovação Tecnológica

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