Cores na escuridão
Será possível enxergar cores na escuridão?
Esta é a proposta da professora Manijeh Razeghi, da Universidade
Northwestern, nos Estados Unidos.
Enquanto as câmeras e filmadoras tradicionais operam na faixa visível do
espectro, as câmeras e óculos de visão noturna operam no infravermelho - o que
significa que elas essencialmente "enxergam" o calor.
É por isso que elas são boas para vigilância e para enxergar seres vivos
à noite, devido ao calor que eles emitem.
Mas suas imagens borradas e indistintas ainda estão longe de permitir
identificações positivas e imediatas.
Mas isto está começando a mudar, agora que a equipe da professora
Razeghi descobriu que um material semicondutor utilizado nos sensores
infravermelhos pode ser ajustado não apenas para absorver uma grande variedade
de comprimentos de onda infravermelhos, mas também bandas distintas do espectro
ao mesmo tempo.
Mais do que cores
A imagem final não é colorida, no sentido tradicional - ainda.
Mas o resultado já é melhor do que isso, pelo menos por dois motivos
principais.
O primeiro é que os novos sensores permitem enxergar partes da cena que
permanecem invisíveis aos sensores atuais.
A imagem mostra bem o detalhe da chama do isqueiro que o pesquisador
está segurando. Na imagem infravermelha tradicional, à esquerda, a chama
simplesmente não aparece, enquanto é vista claramente com o novo sensor.
A segunda vantagem está em que as frequências ressonantes dos materiais
visualizados podem ser identificadas nesta faixa espectral.
Isto significa que uma simples câmera infravermelha poderá permitir a
realização de espectroscopia em tempo real - a espectroscopia permite deduzir a
composição química dos materiais a partir da radiação que ela emite.
"Quando processadas por algoritmos de processamento de imagens,
aplicados sobre múltiplas bandas, a quantidade de informação gerada por uma
única cena é tremenda," diz Razeghi.
Super rede tipo-II
Foram protótipos de câmeras infravermelhas que ajudaram a inspecionar a
usina de Fukushima, depois do tsunami de Março de 2011, permitindo o registro
das temperaturas internas.
Mas, até agora, os pesquisadores usavam uma liga (HgCdTe) que é cara
demais e que não funciona para todos os comprimentos de onda infravermelha.
A equipe da professora Razeghi fez muito melhor com um semicondutor
conhecido como super rede tipo-II, que é eficiente e muito mais barato.
A sensibilidade do novo sensor à temperatura, por exemplo, é altíssima,
chegando a uma precisão de 0,015°C.
E as cores? Bem, um algoritmo adequado poderá facilmente dar um jeito
nisso, agora que todos os objetos da cena estão visíveis e distintos.
Fonte: Inovação Tecnológica
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