Líquido elétrico
Físicos descobriram uma nova quasipartícula que se forma no interior de materiais semicondutores.
O mais interessante é que a quasipartícula tem propriedades típicas
de um líquido - uma espécie de "líquido elétrico", já que é formada por
cargas elétricas positivas e negativas.
Quasipartículas são compostas de partículas mais elementares,
geralmente surgem dentro de materiais sólidos e agem em conjunto de uma
forma previsível.
O exemplo mais conhecido é o exciton, um emparelhamento de um elétron
(negativo) e uma lacuna (positiva), um lugar na estrutura de energia do
material onde deveria haver um elétron, mas não há.
A nova quasipartícula é um aglomerado de elétrons e lacunas, com a
diferença de que, ao contrário do que ocorre nos excitons, os elétrons e
lacunas não ficam pareados.
A quasipartícula tem propriedades típicas de um líquido, podendo até ter ondas. É uma espécie de "líquido elétrico", já que é formada por cargas elétricas positivas e negativas. [Imagem: Baxley/JILA] |
Gota quântica
Os pesquisadores chamaram a quasipartícula de "gota quântica" porque
ela tem características quânticas, como níveis de energia bem ordenados,
mas também tem algumas das características de um líquido - ela pode ter
ondas, por exemplo.
Mas ela tem também diferenças de um líquido comum, como a água,
porque a gota quântica tem um tamanho finito - superado esse tamanho, a
associação entre elétrons e lacunas desaparece.
Seguindo a nomenclatura padrão, a quasipartícula recebeu então o nome de dropleton, de droplet, gota em inglês.
Embora a vida útil do dropleton seja de fugazes 25 picossegundos
(bilionésimos de segundo), a gota quântica é estável o suficiente para
permitir estudos sobre a forma como a luz interage com a matéria.
"Quanto a benefícios práticos, ninguém vai construir uma geringonça
usando gotas quânticas. Mas haverá benefícios indiretos em termos de
melhorar a nossa compreensão de como os elétrons interagem em várias
situações, inclusive em dispositivos optoeletrônicos," disse o professor
Steven Cundiff, do Instituto Nacional de Padronização e Tecnologia dos
Estados Unidos.
Dropleton
A nova quasipartícula foi criada disparando um laser ultrarrápido -
cerca de 100 milhões de pulsos por segundo - sobre um semicondutor
chamado arseneto de gálio.
Os pulsos inicialmente formam excitons, que viajam bem em
semicondutores. Conforme a intensidade do pulso de laser aumenta, mais
pares elétron-lacuna são criados.
Quando a densidade de excitons atinge um nível crítico, forma-se uma
gota quântica, ou dropleton. Nesse ponto, o emparelhamento
elétron-lacuna desaparece e uns poucos elétrons ocupam posições em torno
de cada lacuna.
Assim, os elétrons com carga negativa, e as lacunas com carga positiva, criam uma gota que é aparentemente neutra.
De outro ponto de vista, os dropletons são como bolhas mantidas coesas brevemente pela pressão do plasma gerado pelo laser.
Fonte: Inovação Tecnológica
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