Há poucos dias, ganhou as manchetes a notícia de um pai que queria
ter um filme do filho falecido relembrando as postagens no Facebook.
Esta não é uma questão isolada. Na verdade, tende a se tornar uma questão comum.
É hora de discutir a morte na era digital - o que vai acontecer com nossas heranças digitais depois que partirmos?
Paul Coulton e Selina Ellis Gray, da Universidade de Lancaster (Reino Unido), já vinham analisando a questão há algum tempo.
Eles estudaram as formas pelas quais as práticas de luto ocidentais
estão mudando no mundo moderno, graças aos crescentes volumes de dados
pessoais que as pessoas deixam online.
"Nossas mortes agora são acompanhadas pela lenta decadência de um
corpo enorme de dados, que incluem grandes quantidades criadas pelo uso
regular das mídias sociais," disse Selina.
E o que vai acontecer com todos os nossos tweets, atualizações de
status e selfies depois de termos partido? E como podemos começar a
fazer projetos para esses restos mortais?
Herança digital
"Atualmente, quando morremos, muitas vezes deixamos para trás uma
herança digital. Os parentes não pensam mais apenas no que fazer com
livros, mobiliários, vasos e caixas de ferramentas, mas também estão
pensando nos restos sociais online, tais como fotos digitais, vídeos,
atualizações e e-mails," disse o Dr. Coulton.
O limite entre a vida e a morte também se tornou um evento muito mais
público, o que ficou patente com o massacre recente ocorrido no
Colorado (EUA). A Dra. Selina Gray documentou como tais espaços online
se tornaram repentinamente populares, com as últimas mensagens de
algumas das vítimas recebendo mais de 10 milhões de visitas.
Os sites de relacionamento, contudo, ainda não estão preparados para isso.
Selina espera que sua pesquisa, que ainda está em andamento, tenha um impacto no projeto futuro das tecnologias de mídia social.
"Estas mudanças nas reações à morte e o legado digital que deixamos
para trás estão colocando todos os tipos de novas questões e desafios,
não só para os projetistas de tecnologia e profissionais que prestam
apoio ao luto, mas também para a sociedade em geral," concorda o Dr.
Coulton.
Fonte: Diário da Saúde
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