![]() |
Ilustração artística da estrela KELT-9 (esquerda) e do seu planeta superquente KELT-9b (direita).[Imagem: NASA/JPL-Caltech/R. Hurt (IPAC)] |
Nos
últimos anos surgiram muitas dúvidas sobre a definição de planeta
e estrela, à medida que foram descobertas
estrelas tão frias quanto planetas. Agora
se percebeu que o inverso também é verdadeiro: há planetas tão ou
até mais quentes do que estrelas.
É
o caso do recém-descoberto KELT-9b, um planeta com uma temperatura
de mais de 4.300º C durante o dia, mais quente do que a maioria das
estrelas, e apenas cerca de 1.100º C mais frio do que o nosso
próprio Sol.
O
KELT-9b é um gigante de gás 2,8 vezes mais maciço do que Júpiter
- nas classificações usadas até agora ele seria um "júpiter
quente", apesar de ser muito mais quente do que qualquer planeta
já visto até hoje. Mas ele tem apenas metade da densidade de
Júpiter porque a radiação da sua estrela fez com que sua atmosfera
inchasse como um balão.
E
como ele está gravitacionalmente travado à sua estrela - como a Lua
em relação à Terra - o lado do dia do planeta é continuamente
bombardeado pela radiação estelar. Como resultado, ele é tão
quente que moléculas como água, dióxido de carbono ou metano não
conseguiriam se formar lá. As propriedades do lado da noite ainda
são um mistério - as moléculas poderiam se formar no lado escuro,
mas provavelmente apenas por curtos períodos.
"É
um planeta por qualquer uma das definições típicas baseadas na
massa, mas sua atmosfera é quase certamente diferente da de qualquer
outro planeta que já vimos exatamente por causa da temperatura no
lado do dia," disse Scott Gaudi, da Universidade Ohio, nos EUA,
que liderou as observações.
O
estranho KELT-9b orbita a estrela KELT-9, que é mais de duas vezes
maior e quase duas vezes mais quente do que o nosso Sol.
KELT
é uma abreviação de Kilodegree Extremely Little Telescope.
Astrônomos das universidades do Estado de Ohio, Vanderbilt e Lehigh
operam em conjunto dois KELTs, um no Hemisfério Norte (EUA) e outro
no Hemisfério Sul (África do Sul), a fim de preencher uma lacuna
nas tecnologias disponíveis para encontrar planetas extrassolares.
"A
KELT-9 irradia tanta radiação ultravioleta que pode evaporar
completamente o planeta," disse Keivan Stassun, outro membro da
equipe. "Ou, se os planetas gigantes de gás como KELT-9b
possuírem núcleos rochosos sólidos, como sugerem algumas teorias,
o planeta pode ser reduzido a uma rocha estéril, como Mercúrio."
Isto
é, se a estrela não crescer para envolvê-lo primeiro. "A
KELT-9 inchará para se tornar uma estrela gigante vermelha em cerca
de um bilhão de anos," disse Stassun.
Outra
curiosidade, ainda por ser verificada observacionalmente, é que,
dado que a atmosfera do planeta é constantemente varrida por altos
níveis de radiação ultravioleta, o planeta pode estar deixando uma
cauda de material planetário evaporado. Se isso for verdade, além
de ter a massa de um planeta e a temperatura de uma estrela, o
KELT-9b pode se parecer com um cometa.
0 Comentários
Com seus comentários, você ajuda a construir esse ambiente. Sempre que opinar sobre as postagens, procure respeitar a opinião do outro.
Muito obrigado por participar de nosso Blog!
Abraços!